O Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, desafiou hoje os deputados angolanos a moverem um processo para responsabilização do Presidente do país, José Eduardo dos Santos, por crimes de suborno, peculato e corrupção.
I saías Samakuva lançou o repto na cerimónia de abertura das primeiras jornadas parlamentares conjuntas dos partidos da oposição, que durante dois dias vão debater em Luanda problemas ligados ao Parlamento e à sociedade.
Para o líder do principal partido da oposição em Angola, terá chegado o momento, depois de denúncias e factos “por demais evidentes”, no país e no estrangeiro, sobre “dinheiros roubados que pertencem ao povo”, de “os angolanos enviarem um sinal claro aos predadores e ao mundo de que o detentor da soberania em Angola está ciente destas práticas e definitivamente não as aprova”.
Recorde-se que José Eduardo dos Santos, para além de Presidente do MPLA e Chefe do Governo, é Presidente da República há 36 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito.
“Há indícios bastantes e de amplo conhecimento público para se promover tal processo”, afirmou o líder da UNITA, dando – aliás – publica expressão ao sentimento generalizado do Povo angolano.
“Não importa o seu desfecho. O que importa é os deputados interpretarem fielmente o sentimento do povo soberano e agirem em conformidade. Porque não é um processo dos deputados, é um processo do povo contra um mandatário infiel”, referiu ainda Isaías Samakuva.
Segundo o presidente da UNITA, para um parlamento democrático “ao serviço dos angolanos” são necessárias iniciativas originais e que se saia da rotina. Bem como o intensificar da interacção com os cidadãos, através da consolidação e fortalecimento de pontes com diversos sectores da sociedade.
“Estou convencido que se introduzirmos no espaço político nacional uma nova dinâmica de luta, ela produzirá por si só uma nova cultura, a cultura da mudança em estabilidade. É esta nova cultura que irá presidir ao processo de resgate da pátria, de renovação social e de construção de uma Angola para todos”, frisou.
Por sua vez, o líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, disse que as lideranças partidárias e os deputados são hoje testemunhas do drama da maioria da população angolana, “que é pobre, num país potencialmente rico, por causa de uma só pessoa que a todos recomenda paciência”.
Abel Chivukuvuku exortou as bancadas parlamentares da oposição a concertar ideias e vontades, com vista a protagonizar a mudança de Angola em 2017.
“Nós, CASA-CE, acreditamos que temos a obrigação de acelerar a marcha para a mudança, porque o sofrimento dos nossos compatriotas é actual e não se compadece com delongas. Por isso já demonstramos que o nosso passo será sempre acelerado, embora cadenciado”, disse Abel Chivukuvuku.
A mesma tónica tiveram os discursos dos líderes do Partido de Renovação Social (PRS), Eduardo Kuangana, e da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Lucas Ngonda.
De acordo com Eduardo Kuangana, a coesão entre todos os partidos da oposição “real” pode torná-los fortes, sendo necessário que dirigentes e dirigidos se consultem mutuamente para a tomada acertada de decisões.
Lucas Ngonda considerou as jornadas um espaço de cruzamento de ideias e de diálogo para com a sociedade civil a fim de se ajustar posições e definir metas, “onde a democracia encontre espaço de actuação livre, consciente e responsável”.